Logos e Lema: A racionalidade no budismo e no taoísmo segundo Yamauchi Tokuryu.

O livro “Logos e Lema” apresenta as reflexões do filósofo japonês Yamauchi Tokuryu, que aborda a distinção entre o pensamento ocidental, caracterizado pela busca pelo Logos, e o pensamento oriental, que se orienta por meio de lemas. Tokuryu argumenta que entender o Ocidente é compreender a Filosofia como uma jornada em busca do Logos, enquanto o Oriente, especialmente o budismo, adota uma abordagem diferente, baseada em tradições como o tretalema e o dilema. Na filosofia budista, tanto o tretalema quanto o dilema são estruturas lógicas que desafiam as abordagens binárias do pensamento ocidental. O tretalema reconhece quatro possíveis posições em relação a uma proposição: positivo, negativo, ambos e nenhum, enquanto o dilema apresenta duas alternativas aparentemente contraditórias, mas igualmente válidas.
A noção de Logos, originária na Grécia Antiga, tem sido central na filosofia ocidental, representando a busca pela razão e pela ordem no mundo. Por outro lado, o pensamento oriental, exemplificado pelo budismo, não se fixa necessariamente na racionalidade, mas sim em uma forma distinta de pensar, permeada por lemas. Tokuryu e outros pensadores orientais questionam os princípios fundamentais da lógica aristotélica. Enquanto Kant busca destruir o princípio da identidade ao propor um pensamento sintético a priori, Hegel defende que são as contradições que tornam o pensamento possível, desafiando o princípio de não-contradição. Porém, é o filósofo oriental Nagarjuna que critica diretamente o princípio do terceiro excluído, introduzindo a ideia de um terceiro elemento, o “nada”, que transcende a dicotomia entre verdadeiro e falso.
Tokuryu e Nagarjuna concebem o “nada” de maneiras distintas. Para eles, o “nada” pode ser tanto uma simples ausência quanto a superação da afirmação e da negação. Essa concepção transcende o “não-ser” de Parmênides, pois enquanto o “não-ser” ainda é algo, o “nada” não é nada além de si mesmo. Essa abordagem desafia as bases da lógica aristotélica e sugere novas formas de pensar a realidade. Além disso, Tokuryu distingue entre o “nada profano” e o “nada supremo”. Enquanto o “nada profano” representa uma simples ausência ou vazio, o “nada supremo” implica em uma ruptura com os conceitos tradicionais de verdade e falsidade, introduzindo uma nova dimensão na compreensão da realidade. Essa concepção desafia não apenas a lógica ocidental, mas também propõe uma nova forma de pensar a existência.

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