Apesar das diferenças em relação as questões de exegese bíblica entre o pensamento de Kierkegaard e Shweitzer, o professor Márcio Gimenes acredita ser possível haver um diálogo entre os dois, a partir da discussão das ideias de cunho ético em obras de ambos os filósofos. Para fazer essa análise, baseia-se na obra “Filosofia da Civilização”, de Schweitzer, escrita na fronteira entre o século XIX e XX e nas discussões de Kierkegaard sobre a figura de Sócrates e sua relação com Cristo e o Cristianismo.
Pontos centrais da discussão:
– Schweitzer faz críticas à visão de mundo do ocidente e discute a “queda da Civilização”, devido a inevitável irracionalidade e subjetividade causadas pelo racionalismo extremo.
– Autores que traziam reflexões sobre a civilização, se apegavam a uma abordagem puramente histórica que não refletia o estado espiritual da vida. Era necessário fazer um inventário da vida espiritual.
– Solução: Renunciar a interpretação otimista ética do mundo e girar a filosofia de volta para o que realmente importa, o refletir sobre a própria civilização e também, fazer da filosofia um estudo mais popular, torná-la clara.
– A redução da capacidade de pensar, conjuntamente a desvalorização da ética, levou a perda da humanidade, a alienação e queda cultural. A sociedade, precisa “voltar a ser pensante”, para assim alcançar uma visão de mundo mais adequada, que aprofunda-se no conhecimento.
– Schweitzer acredita que tal visão está no misticismo, na recuperação dos valores espirituais.
– Kierkegaard: Devemos retornar a filosofia voltada à arte do bem viver. A sábia distinção de Sócrates do que compreendia e o que não podia compreender afasta a ideia de uma razão extrema.
– A Religião: O cristianismo pode acrescentar nessa reflexão se não for tomado como uma mera doutrina (da mesma forma que a Filosofia não pode ser vista como uma mera História da Filosofia) mas sim como uma ética.